Segundo apurou a reportagem do Correio do
Brasil junto a fontes na Polícia Federal (PF), não está descartado um possível
envolvimento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e do pai dele, Jair, no esquema
que permitiu ganhos milionários em apenas algumas poucas horas.
Ao autorizar a investigação que começou a
apurar, na terça-feira, o suposto vazamento de informações sobre a alta do
dólar, no dia em que o presidente norte-americano, Donald Trump, aplicou a
tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Alexandre de Moraes abriu uma nova caixa de Pandora para a
família Bolsonaro.
Segundo apurou a reportagem do Correio do
Brasil junto a fontes na Polícia Federal (PF), não está descartado um possível
envolvimento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL) e do pai dele, Jair, no esquema
que permitiu ganhos milionários em apenas algumas poucas horas, no mercado de
câmbio.
A decisão de Moraes, de permitir que a
apuração siga adiante, parte de um pedido da Procuradoria-Geral da República
(AGU), ainda no sábado, para descobrir se as negociações foram lícitas, ou não.
Jornalistas já apuraram que, com base em um gráfico publicado por Spencer T.
Hakimian, fundador do fundo de hedge Tolou Capital Management, com sede em Nova
York, que a evolução do real em 9 de julho, quando do anúncio de Trump, foi
atípica.
Suspeito - Segundo
Hakimian, em entrevista à agência inglesa de notícias Reuters no dia seguinte,
em 10 de julho, ele não dispunha de mais dados ou informações para embasar os
comentários, mas pela experiência de um fundo de hedge que administra US$ 82
bilhões, percebeu que havia algo de errado.
— Estou muito feliz em ver o Brasil
investigando algo suspeito. Gostaria que os EUA fossem responsáveis o
suficiente para fazer o mesmo — afirmou Hakimian, ao tomar conhecido da ação em
curso na PF e, simultaneamente, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Agentes federais e especialistas em câmbio
avaliam, ainda, o uso de tarifas internacionais para coagir o sistema
judiciário brasileiro a arquivar o caso contra o ex-mandatário neofascista
brasileiro Jair Bolsonaro (PL), em fase intermediária de julgamento por
suspeita de liderar o golpe de Estado fracassado no 8 de janeiro de 2022.
Oportunidade - Nesse mesmo
processo, a PGR apura se Eduardo Bolsonaro, o filho ’03’ como é conhecido,
teria conhecimento do instante em que as tarifas seriam decretadas e se teve a
oportunidade de manter contato com operadores do mercado financeiro. De acordo
com o que foi levantado, até agora, no dia 9 de julho, às 13h30, algum
investidor entrou comprando entre US$ 3 e US$ 4 bilhões a R$ 5,46.
Às 16h17, o presidente Trump publica em sua
rede social ‘Truth’ a carta em que anuncia o tarifaço de 50% contra o Brasil,
ao arrepio das normas protocolares da diplomacia entre os dois países. Apenas
alguns minutos adiante, às 16h20, os mesmos dólares são vendidos a R$ 5,60,
gerando um lucro bilionário.
Que a cotação da moeda subiria logo após o
anúncio era um movimento esperado, em face da instabilidade gerada pela medida.
Mas a compra de bilhões de dólares, apenas algumas horas antes, em valores
muito acima da média e de forma concentrada, levantaram a suspeita dos
mecanismos de controle do mercado cambial.
— Não era o padrão normal das transações
com o real naquele dia. Pode ter sido qualquer um que sabia desde o começo. E
vamos ter que esperar para ver quem realmente foi — observou Hakimian.
Câmbio - Segundo o
financista, com a compra a R$ 5,46 e a venda a R$ 5,60, o lucro pode ter
chegado a algo próximo de US$ 600 milhões, em menos de três horas, algo difícil
de acontecer nesse mercado. Durante a realização do câmbio, segundo Hakimian, o
operador precisou ser muito ágil.
— Alguém disse: ‘quero fazer a transação
rápido e não quero que ninguém veja’ — afirmou.
A situação de ’03’, no entanto, ficou ainda
mais delicada no momento em que afirmou, ao lado do influenciador digital que o
acompanha, Paulo Figueiredo, que ambos conheciam a possibilidade de os Estados
Unidos impor tarifas comerciais ao Brasil. O assunto, disseram eles em uma rede
pública pela internet, foi discutido em reuniões que mantiveram com autoridades
do governo norte-americano, pouco antes de o presidente Donald Trump anunciar a
medida.
Escândalo - A fala cai em
contradição com o que disse Jair Bolsonaro (PL), algumas horas antes, de não
ter qualquer ligação com a medida adotada pela Casa Branca. Assim, a possível
conexão entre Jair e Eduardo Bolsonaro e os lucros obtidos com a informação
privilegiada passou a integrar a linha de investigações da PF e da CVM,
conforme apurou o CdB, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, a partir
de um pedido da PGR.
Na avaliação no governo, caso confirmado o
envolvimento da família Bolsonaro, este será um escândalo de grande monta, em
face dos quantitativos em dinheiro envolvidos na trama.
As contas bancárias de ’03’ já se encontram bloqueadas por decisão de Moraes, após admitir que atuou diretamente para que os EUA adotassem a punição tarifária ao Brasil, numa clara afronta aos interesses nacionais.