O ministro deu um prazo de cinco dias para
o governo esclarecer os motivos para decidir aumentar o IOF e as razões pelas
quais o Congresso derrubou a elevação do tributo.
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Alexandre de Moraes determinou, na sexta-feira, a suspensão dos atos do governo
e do Congresso sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O relator da
matéria, na Corte, convocou uma audiência de conciliação para 15 de julho.
O ministro Alexandre de Moraes atua de
bombeiro na crise entre o Planalto e o Congresso
“Verifica-se que tanto os decretos
presidenciais, (…) quanto o decreto legislativo (…) aparentam distanciar-se dos
pressupostos constitucionais exigidos para ambos os gêneros normativos”,
escreveu Moraes, em seu parecer.
O ministro deu um prazo de cinco dias para
o governo esclarecer os motivos para decidir aumentar o IOF e as razões pelas
quais o Congresso derrubou a elevação do tributo. Moraes foi escolhido relator
do caso já ter sido escolhido para gerir o mesmo tema em ações do Partido
Liberal (PL), que foi contra a alta, e do PSOL, que se posicionou contra a
suspensão feita pelo Congresso.
Magistrados - Na véspera,
durante o Fórum de Lisboa, seminário jurídico em Portugal promovido pelo
ministro Gilmar Mendes, outros magistrados também se posicionaram sobre o caso.
Ao menos cinco ministros, Edson Fachin, André Mendonça, Luís Roberto Barroso e
Luiz Fux, haviam se declarado a favor da suspensão das medidas, de ambos os
lados.
O ministro Flávio Dino, porém, declarou que
o embate legal era raso e que não renderia “nem cinco minutos de discussão” no
Supremo. Ainda assim, ele se disse favorável a que o tema seja decidido de
maneira política e não jurídica pelo Executivo e Legislativo, caminho que
Moraes preferiu seguir.
Ao comentar a decisão do STF, o presidente
da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), disse nesta tarde que a
medida está “em sintonia” com o desejo da maioria do plenário da Casa e também
da sociedade.
Governo - A decisão tomada por Alexandre de
Moraes, sob o ponto de vista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “é ótima
para o país”. Em conversa com jornalistas, no Rio de Janeiro, Haddad afirmou
que o governo mostrará ao STF que não houve aumento linear do IOF, mas
correções de distorções.
— Nós corrigimos o que nos parecia equivocado do ponto de vista de sonegação. As pessoas que estavam usando as operações financeiras de maneira indevida foram bloqueadas pelo decreto. Isso tem finalidade regulatória, com repercussão arrecadatória — resumiu o ministro, pelo lado do governo.