Essa foi a primeira vez que o presidente
manifestou-se publicamente sobre os protestos da oposição ao governo no
Congresso. Parlamentares ocuparam a Mesa Diretora após Moraes decretar a prisão
domiciliar de Bolsonaro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
defendeu, na sexta-feira (8/8), que parlamentares engajados na pauta do
impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
devem ter os mandatos depostos.
Embora tenha dito a palavra
"impeachment", o processo de perda de mandato de parlamentares não é
classificado como impeachment. Nesse caso, um congressista deixaria o cargo
após tramitação política de um processo de perda de mandato na Casa.
Essa foi a primeira vez que Lula manifestou-se
publicamente sobre o fato de diversos parlamentares que compõem a oposição ao
governo no Congresso brasileiro defenderem a deposição de Moraes. Junto às
manifestações contra a permanência do ministro no cargo, deputados de oposição
ocuparam a Mesa Diretora da Câmara em protesto à prisão domiciliar de Jair
Bolsonaro (PL) determinada por Moraes no início da semana.
Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de
Estado no STF e seu caso é relatado pelo ministro na Corte. A ocupação da Mesa
Diretora da Câmara paralisou os trabalhos da Casa por dois dias.
Câmara
estuda punição pedagógica - Ainda na sexta-feira, o presidente da Câmara dos
Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a Mesa Diretora deve se
reunir para decidir se aplicará punições aos parlamentares que ocuparam o
plenário em protesto. Motta explicou que a análise sobre as medidas caberá ao
colegiado, e não será uma iniciativa isolada de sua presidência.
Ele, porém, adiantou que defenderá uma
sanção com caráter educativo. “(A reunião acontecerá) Ainda na tarde desta
sexta-feira, para que possamos decidir sobre essas possíveis punições a
parlamentares que se excederam”, afirmou.
Apesar de o presidente endossar um
impeachment a parlamentares que defendem a deposição de Moraes, interlocutores
do Planalto entendem que a declaração não se configura uma espécie de
"torcida" para que a Mesa Diretora da Câmara puna deputados que
ocuparam o plenário em protesto contra Alexandre de Moraes.
A declaração do presidente durante cerimônia de anúncio de investimentos federais tratou-se de um "entendimento político" em respeito aos poderes e à soberania brasileira.