Decisão do ministro estava em sigilo.
Eduardo não pode negociar móveis, imóveis nem movimentar conta bancária e chave
Pix. Deputado licenciado estaria em conluio com o pai para agir, nos Estados
Unidos, contra o Brasil.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), determinou no sábado passado o bloqueio de todos os
bens móveis e imóveis do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Também estão suspensas as contas bancárias e a chave Pix relacionadas ao
parlamentar. A decisão estava em caráter sigiloso e refere-se ao inquérito que
apura a atuação do filho 03 do ex-presidente nos Estados Unidos.
A decisão do ministro representa que
Eduardo está impedido de fazer qualquer movimentação financeira (receber ou
enviar dinheiro). Além disso, o salário da Câmara dos Deputados ficará retido
na conta, apesar de a licença que pediu para se autoexilar nos EUA ter acabado
no domingo. Em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., o deputado ironizou a
ordem do ministro.
"Acabei de ver, aqui na imprensa, que
as minhas contas bancárias estão bloqueadas. Alexandre de Moraes acabou de
bloquear as minhas contas bancárias, mas, obviamente, em nome da
democracia", criticou. A determinação de Moraes faz parte da chamada
"asfixia financeira", que é quando o bloqueio de bens e valores serve
para interromper a continuidade do crime continuado.
Jair Bolsonaro admitiu que mandou para
Eduardo, nos EUA, R$ 2 milhões e que esse dinheiro, segundo a determinação de
Moraes que levou o ex-presidente a ser monitorado por tornozeleira eletrônica
seria por conta de uma "parceria" para incitar o presidente
norte-americano Donald Trump a atacar o Brasil institucionalmente. Uma das
medidas, foi a suspensão do visto de Moraes e sete ministros do STF — medida
que atinge também parentes diretos. Outra, foi o tarifaço de 50% sobre as
exportações brasileiras para os EUA.
Por sinal, a respeito dessa sobretaxa,
Eduardo afirmou ao Inteligência Ltda. que concorda com essa punição ao Brasil.
Ele corroborou com a opinião do influenciador Paulo Figueiredo, que participou
do podcast, e ambos admitiram que vinham conversando com autoridades do governo
norte-americano. Acreditavam até que o tarifaço poderia ser baixado, mas
preferiam que as sanções deveriam se voltar contra Moraes.
Eduardo e Paulo elencaram as próximas
sanções que Trump poderia impôr às autoridades brasileiras, após cancelamento
de vistos. Entre as medidas, o deputado federal licenciado e o influenciador
citam a aplicação da Lei Magnitsky sobre Moraes e punições à mulher do
ministro.
"Acho que Alexandre de Moraes será
sancionado debaixo do Global Magnitsky Act por violação dos direitos
humanos", sugeriu Paulo. Entre as consequências da lei, ele cita bloqueio
de ativos no mundo inteiro e a impossibilidade de fazer negócio com qualquer
empresa americana ou que tenha sede nos EUA.
Paulo complementou que, "dependendo
das respostas dos ministros do STF", os próximos a serem sancionados
seriam Luís Roberto Barroso, como presidente da Corte, e o procurador-geral da
República, Paulo Gonet. "As sanções vão gradativamente atingindo um a um
até que o Supremo Tribunal Federal esteja todo asfixiado financeiramente. E a
partir daí vão ser para os líderes do Congresso", disse o influenciador,
em tom ameaçador.
Mais cedo, Eduardo afirmou, em publicação
na rede social X (antigo Twitter), que não pretende disputar a Presidência da
República nas eleições de 2026. "Não estou buscando ser presidente. Quero
ver justiça", escreveu. Apesar da negativa, o parlamentar é cotado
internamente no PL como possível sucessor do pai, inelegível até 2030.