Em meio à Cúpula do Brics, no Rio de
Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu, na segunda-feira (7),
a defesa que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, fez do
ex-presidente Jair Bolsonaro no contexto do processo que enfrenta por tentativa
de golpe de Estado, dizendo que ele seria inocente.
O presidente brasileiro disse que a defesa
da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros.
“Somos um país soberano. Não aceitamos
interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e
independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a
liberdade e o estado de direito”, afirmou Lula, em nota.
O presidente Trump saiu em defesa do
ex-presidente Bolsonaro em uma rede social, atacando a ação penal sobre a
tentativa de golpe de Estado que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível
em seu tratamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho assistido, assim
como o mundo, como eles não fizeram nada, mas vão atrás dele, dia após dia,
noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada”, disse
Trump.
Bolsonaro é acusado de liderar uma
tentativa de golpe de Estado no Brasil após perder as eleições em 2022 para o
presidente Lula. Segundo a Polícia Federal, a trama golpista previa o
assassinato de Lula e do ministro do STF, Alexandre de Moraes, além da anulação
da votação, o que configuraria uma ruptura da ordem democrática.
Bolsonaro teria pressionado os comandantes
das Forças Armadas para sustentar seu plano. O ex-presidente e os aliados
acusados de tentativa de golpe negam as denúncias.
“Estarei assistindo muito de perto à caça
às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores”, disse
Trump, que também pediu para deixar Bolsonaro “em paz”.
Bolsonaro agradeceu o apoio de Trump e
disse que a ação penal contra ele é perseguição política. "Obrigado por
existir", disse a Trump em uma rede social.
Interferência
externa
- A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o STF abriu inquérito, em
maio deste ano, para investigar o filho do ex-presidente Bolsonaro, o deputado licenciado
Eduardo Bolsonaro, por coação e tentativa de obstrução da Justiça para ajudar o
pai Jair.
Eduardo Bolsonaro abandonou o mandato de
deputado e foi viver nos Estados Unidos, onde vem solicitando ao governo
norte-americano sanções a autoridades brasileiras, o que poderia interferir no
processo penal contra o pai, Jair Bolsonaro.
“As manifestações, de Eduardo, têm tom intimidatório e vêm se intensificando à medida em que avança a tramitação da ação penal em que o ex-presidente é acusado de liderar uma organização criminosa para atentar contra o Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022”, afirmou o Ministério Público Federal.